Assim como há
grandes segredos por trás do amor – da sua definição, interpretação e até mesmo
do que é senti-lo – há também inúmeras histórias que tentam dar explicações a
certas características de tal sentimento, afinal, sua origem é e sempre será um
mistério.
Tentarei agora
lhes contar uma delas.
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eza a lenda que era um rei temido
e poderoso; conquistador das melhores terras, possuidor das melhores armas; dono
de um grande reino, e também de um grande amor.
Mas diferente
do amor que conhecemos hoje, este rei – bem como todo o seu povo – sentia um
amor egoísta e unilateral. Nesta época o amor dependia única e exclusivamente daquele
que o sentia – quem amava via-se completo simplesmente por amar, independente
do que ocorresse ao ser amado. Se as atitudes tomadas por conta do amor fossem
boas ou ruins pouco importava enquanto trouxessem satisfação – se fosse necessário
ceifar uma vida, assim era feito, ou se molestar fosse preciso, também. Neste
contexto um amor sem pudor e compaixão se manifestava sobre este povo e sobre este
rei.
Porém, desde
quando o mundo é mundo que para tudo o que nele acontece existem controvérsias.
Dentre as
personagens desta trama havia uma bruxa que não sentia este amor egoísta – e talvez
por isso, recebia o título de bruxa. Diante do amor que se propagava, desde os
becos suados dos vilarejos aos cômodos vazios do palácio, o que transbordava no
peito da bruxa era diferente – para ela, além de colher o fruto do amor que
sentia era necessário alimentar quem o plantou – e com ele, pelo rei ela se
apaixonou. O amou, e até sentiu-se satisfeita com tal sentimento, porém este
amor – se é que podemos chamar dessa forma – se esvaeceu em decepção e rancor.
Era um
sentimento intenso que já rendia anos, e até parecia recíproco em alguns
momentos, mas o rei com sua soberba e amor descompassado não retribuía com a mesma
simplicidade e empatia que lhe entregava a bruxa – que se sentia a cada dia, de
rainha à escrava. O rei faminto destrinchava como uma ave as partes do amor e
coração de sua pobre amante, até o dia em que ela se cansou de tanto desgosto e
decidiu, antes de acabar com sua vida e sofrimento pelo amor não retribuído,
rogar uma praga que se perpetuaria por toda a história da humanidade.
Reza a lenda
que a bruxa praguejou sobre o amor de cada homem, prometendo que tal sentimento
jamais sobreviveria se individual, unilateral e egoísta. Nenhum homem seria
capaz de amar sem ser amado, de encontrar o amor sem a ajuda de outra pessoa.
Reza a lenda que até hoje, todos os homens da terra estão fadados a vagar em
busca do amor verdadeiro.
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