quinta-feira, 30 de abril de 2015

A infância mais bela #1

Estou fazendo faculdade de Pedagogia na UFF e tenho lido textos incríveis. O primeiro texto que tive que ler foi uma dissertação de mestrado do Daniel Rossi Nunes Lopes sobre A República de Platão, Livro X. Foi o texto mais difícil que li até agora, acho que por ser uma dissertação de mestrado acaba ficando mais complicado mesmo, mas agora estou lendo o texto do Platão mesmo, na íntegra, e acho que dá pra fazer um diálogo bem legal com a atualidade.

Platão em A República teoriza o que seria uma cidade ideal, o que seria permitido e excluído dessa sociedade. Logo nos primeiros livros (o II e III) ele faz uma crítica a educação grega. Naquela época a educação era feita através das poesias que era faladas aos jovens e nelas estavam presentes a mitologia, as guerras, os valores e tudo o que aqueles jovens deveriam aprender. A poesia de Homero era amplamente utilizada e este foi alvo das críticas do Platão. A crítica vem da ideia de que os deuses e heróis dos poemas não são retratados com todas as virtudes que Platão considerava importantes e eles também cometiam erros e que muitas vezes atos horríveis e cruéis são passados aos jovens como se não fossem nada de extraordinário. O problema disso tudo é que o jovem não é capaz de separar o que é ilustrativo do que não é e acaba absorvendo coisas ruins desse método de ensino.

"Não se deve dizer diante de um jovem ouvinte que, praticando os piores crimes e castigando um pai injusto da forma mais cruel, ele nada faz de extraordinário e procede como os primeiros e maiores entre os deuses."

"A criança não pode discernir o que é alegórico do que não é, e as opiniões que acolhe nesta idade tornam-se comumente, indeléveis e inabaláveis. É por isso, sem dúvida, que é preciso fazer o máximo para que as primeiras primeiras fábulas que ela ouve sejam as mais belas e as mais apropriadas para ensinar-lhe a virtude."

Lendo esses trechos, ambos do Livro II, comecei a fazer um diálogo com a atualidade. Será que hoje nós apresentamos para as crianças as coisas mais belas que elas poderiam ver e ouvir? Tenho uma critica muito grande ao uso da televisão na educação, mas acho que isso é um ponto para ser trabalhado melhor em um outro post, mas vou pegar esse exemplo. Será que o que as crianças vêem, muitas vezes, diariamente e repetidamente na televisão são as coisas mais belas que elas podem ter acesso?

Aqui no Brasil a influência das novelas é enorme e muitas pessoas assistem e pode acontecer, até com
uma certa frequência, que as crianças estejam presentes nesse momento que deveria ser destinado somente aos olhos adultos. As novelas mostram momentos lindos, admito, mas entre um momento lindo e outro mais ainda temos o que? Mortes, traições, roubos, trapaças e tudo que pessoas que não são éticas fazem. Agora vamos pensar em uma criança de uns quatro ou cinco anos assistindo cenas assim. Sei que muitas pessoas acham que as crianças não estão prestando atenção, mas temos que tomar muito cuidado. Até os sete anos as crianças tomam como verdade quase tudo o que elas vêem e escutam. Se elas assistirem uma briga na televisão ou até mesmo em casa, vão entender aquilo como verdade e como algo natural, quando na verdade o que ela deveria ver dessa forma é que ao invés de brigar devemos usar o diálogo para resolver nossas divergências.

Depois desse exemplo retomo minha pergunta: Será que hoje nós apresentamos para as crianças as coisas mais belas que elas poderiam ver e ouvir? Da mesma forma que Platão criticou há tanto tempo a poesia e os poetas de desconhecerem o que e bom e o que é mal eu acho que o papel dos pais hoje é ter essa reflexão e ver se realmente estão apresentando aos filhos o que existe de mais puro e virtuoso. Com isso não digo que é pra colocar as crianças em um casulo onde o mundo é perfeito e tudo é belo, não é isso que estou falando. Mas acredito que a consciência da maldade das pessoas e do mundo que nos cerca vem naturalmente, infelizmente, e não deve ser estimulado e retratado na frente das nossas crianças da maneira como tem acontecido.


Esse é o primeiro artigo da minha parceria com a Mundo Infantil e espero que gostem desse modelo de post, vou me dedicar pra trazer conteúdos legais voltados para a educação. Os leitores do blog têm 5% de desconto nas compras através do site da Mundo Infantil e é só usar o código #UL ao finalizar a compra. Aproveitem e até o próximo post. 

terça-feira, 28 de abril de 2015

Resenha: A metamorfose - Franz Kafka

Título: A metamorfose
Autor: Franz Kafka
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 96










Oi amores! Hoje trouxe um livro completamente diferente dos que já li e compartilhei por aqui. A metamorfose é uma novela de Franz Kafka que me surpreendeu muito. É um livro pequeno, e a edição que eu comprei tem as letras bem grandes, então devorei o livro rapidinho. Além disso o que eu gostei muito dessa edição é que no final tem algumas páginas dedicadas à falar sobre o livro que você acabou de ler e também sobre o autor, o que me ajudou muito a criar um contexto ao redor dessa obra, como ela foi escrita e sua influência.

 "Tudo o que não é literatura me aborrece"
- KAFKA, Franz

Foi meu primeiro contato com a escrita do Kafka e eu amei, principalmente porque foi diferente de tudo o que já li. O que eu sabia era que o personagem principal (Gregor) acordava metamorfoseado em um inseto e depois disso a família tem que aprender a lidar com a nova situação, mas o livro vai além disso. Confesso que terminei o livro com raiva da família do Gregor, mas depois de algum tempo meio que entendi, a narrativa, apesar de ser em terceira pessoa, nos aproxima do ponto de vista do Gregor e por isso é tão fácil ficar do lado dele. Mas a questão é que essa metamorfose mudou tudo naquela família e afetou o lado financeiro e emocional, uma avalanche de sentimentos vindos de todos os lados, nojo, amor, medo, aflição, saudade, é jogada na direção do leitor.

É uma narrativa que choca principalmente porque o Kafka escreve com indiferença, e isso choca bastante. Mesmo depois da metamorfose, o leitor continua a enxergar no Gregor uma pessoa e por isso a maneira como ele é tratado pela própria família me deixou muito indignada e acredito que outras pessoas que leram também tenham se sentido assim. Bom, como já disse, foi uma leitura diferente pra mim e meu primeiro contato com o autor, tudo o que é novo gera um certo estranhamento, mas no final foi uma ótima leitura e pretendo ler outras obras do Kafka.

domingo, 26 de abril de 2015

Resenha: Admirável mundo novo - Aldous Huxley

Título: Admirável mundo novo
Autor: Aldous Huxley
Editora: Biblioteca Azul
Número de páginas: 306







Hoje eu trouxe um livro incrível que meu professor de Filosofia da Educação pediu pra turma ler, ele vai fazer um trabalho com esse livro dialogando com A República de Platão. Amei o fato de ele ter passado um livro de literatura e gostei ainda mais por ser um livro tão bom.

- Quero saber o que é paixão - ela o ouviu dizer. - Quero sentir alguma coisa com intensidade.
- Quando o indivíduo sente, a comunidade treme. - declarou Lenina.
(pág 120)
A história acontece em 632 depois de Ford e mostra uma sociedade "evoluída" onde as pessoas são feitas através da engenharia genética e condicionas a aceitar a posição que ocupam nessa sociedade e também todas as normas, regras e padrões sem questionar nada. O que mais me impressionou é que esse livro foi publicado pela primeira vez em 1941 e trata de temas super atuais. A engenharia genética é um dos assuntos mais comentados e seus avanços são significativos, mas até que ponto podemos manipular a genética? Esse livro me colocou em um processo de reflexão sobre até que ponto esses avanços são bons e até onde devemos ir com eles.

 E esse - interveio sentenciosamente o Diretor - é o segredo da felicidade e da virtude: amarmos o que somos obrigados a fazer. Tal é a finalidade do condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social do qual não podem escapar. (pág 36)

No livro, o condicionamento das pessoas acontece desde que eram embriões, ali já é decidido o qual função aquela pessoa vai exercer, sua aparência, nível intelectual e tudo mais. Posteriormente, quando crianças, os indivíduos escutam enquanto dorme uma série de frases que são repetidas milhares de vezes durante anos e sem percebem essas crianças absorvem as informações que essas frases transmitem e tomam isso como verdade. Assim, a sociedade permanecem em ordem porque não há questionamento, as pessoas aceitam as coisas pois são verdades inquestionáveis para elas. O indivíduo não tem escolha e é esse o tema central do texto, mostrar o funcionamento dessa sociedade, e depois a inserção e visão de alguém que não cresceu nesse meio, mas que foi levado de um lugar "selvagem" para viver entre os "civilizados".

- Aqui não queremos saber de coisas antigas.
- Mesmo quando são belas?
- Sobretudo quando são belas. A beleza atrai, e nós não queremos que ninguém  seja atraído pelas coisas antigas. Queremos que amem as novas. (pág 263)

Meu professor vai fazer um diálogo desse livro com os livros II, III, V  e VII de A República de Platão. Já estou na metade dessa leitura, quero esperar as aulas sobre isso para ver o que o professor vai trabalhar,  mas acho que já tenho uma noção de como vai ser. Depois faço um post complementar sobre como esse livro foi trabalhado na minha faculdade. Amei essa leitura e recomendo mesmo!!! Vou deixar a sinopse aqui embaixo, tenho evitado fazer isso, prefiro deixar só o resumo que eu faço sobre o livro, mas como esse tema é complexo preferi disponibilizar aqui a sinopse para contextualizar melhor.

Não é alguma coisa viver perigosamente?
(pág 285)

Sinopse:
A Terra agora se divide em dez grandes regiões administrativas. A população de dois bilhões de seres humanos é formada por castas com traços distintivos manipulados pela engenharia genética: nos laboratórios são definidos os pouco dotados, destinados aos rigores do trabalho braçal, e também os que crescem para comandar. Não há espaço para a surpresa, para o imprevisto. O slogan "comunidade, identidade e estabilidade" sustenta a trama do tecido social. Estamos no ano 632 depois de Ford - aquele da linha de produção de automóveis -, quando o amor é proibido e o sexo, estimulado.
Tais ingredientes levaram Admirável mundo novo a figurar ao lado de 1984, de George Orwell, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, como uma das principais obras antiutópicas do século XX, em que um futuro sombrio aguarda a humanidade. Alguns ainda vêem na ficção de Huxley, esse inglês refinado e cultíssimo, uma crítica à crescente influência americana no período entreguerras, que trazia a reboque a cultura de massas e o american way of life.
Este é, acima de tudo, um romance de ideias, que descreve as formas mais sutis e engenhosas que o pesadelo do totalitarismo pode assumir, e que resiste inexpugnável às interpretações político-ideológicas de esquerda ou direita suscitadas desde seu lançamento. Mundialismo, controle genético, adestramento comportamental e intoxicação coletiva não são dados soltos para a mente construir com eles uma utopia: são órgãos solidários e inseparáveis de um mesmo e único sistema. Onde quer que apareça um deles, os outros o seguirão, mais cedo ou mais tarde. A lógica deste romance imita e condensa a lógica da História. E Huxley, desenvolvendo a sensibilidade a ponto de criar esse retrato ainda hoje tão perturbador, tornou-se autor de um dos grandes clássicos da literatura mundial.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

NOVA PARCERIA - Mundo Infantil Livros

Oi amores! Sei que andei sumida o mês todo, mas não parei de ler, só que com a faculdade acabo lendo muitas coisas teóricas e não sei se seria interessante falar sobre elas aqui no blog, vou ver se seleciono algumas mais legais pra compartilhar com vocês. Mas o meu retorno já vem com uma novidade, agora o blog é parceiro do Mundo Infantil. A nossa parceria vai ser a seguinte... Vou escrever artigos sobre literatura infantil ou temas relacionados e eles vão divulgar nas redes sociais deles, então é muito importante que vocês acompanhem por lá, vou deixar todos os links no fim desse post.


Mundo Infantil Livros


Atuando há 13 anos no mercado de livros infantis percebemos a necessidade de não apenas facilitar o acesso a informações e produtos de qualidade. Mas sim exaltar o significado maior de nossa existência:
Aproximar as pessoas e influenciar positivamente no dia-a-dia de quem busca fazer a diferença na construção de um mundo melhor.

Dos pequenos aos grandes atos, nos vemos presentes em diversas fazes da vida de uma criança. Estamos presentes no aconchego da leitura de um livro que embala o sono tranquilo, nos rabiscos e nas primeiras obras de arte da escola, nos desenhos que ficam grudados no imã de geladeira, nas primeiras palavras lidas, mesmo que ainda gaguejadas, o primeiro livro completo, entre outros grandes momentos que ficam eternizados na vida de todo mundo.

Estimular e incentivar a leitura é fundamental para o desenvolvimento da nossa sociedade.

Estamos lançando nossa plataforma de vendas pela internet para que com maestria e praticidade, possamos fornecer suporte completo ao nosso cliente, além de promoções, ofertas e materiais informativos para que a diversão, entretenimento e aprendizagem se façam presentes na vida de todos. 

Seja bem vindo!
Acompanhe-nos nas redes sociais e fique por dentro das novidades e promoções especiais!



Pra quem não sabe comecei a faculdade de pedagogia e estou super empolgada pra escrever sobre o tema e essa parceria vai me ajudar a pesquisar assuntos novos pra trazer textos de qualidade aqui pro blog e para a Mundo Infantil também. Eles fizeram um código de desconto para os leitores do blog que é #UL . É só usar o código pra ter 5% de desconto na compra, espero que vocês aproveitem e em breve vou trazer mais novidades!

Introspecção e aflição


ATENÇÃO!

Instruções:

1 - Prepare um copo da sua bebida preferida;
2 - Prepare um assento confortável num lugar que lhe possibilite uma boa visão;
3 - Prepare sua consciência esvaziando-a;
4 - Ouça enquanto ler e sinta enquanto ouve.



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Tenho, sinto, temo tudo aqui dentro.



Às vezes tenho medo de tudo o que sinto;

Às vezes sinto medo de tudo o que tenho;

Às vezes tenho em mim a incerteza de tudo o que sinto,

Mas teimo questionar a tudo aqui dentro:

O que temo eu, em tudo o que tenho?



Às vezes indago ser só, solidão;

Às vezes tenho só, a ligeira impressão;

Às vezes sinto só, uma grande aflição;

Por vezes temo só, perder de vez a razão.

Tenho, sinto, temo tudo aqui dentro em vão?




Às vezes adoção;

Às vezes indagação;

Às vezes sensação;

Às vezes tensão;

São?

Todas às vezes em vão!



Ayron Barsan

São Paulo, 11 de Fevereiro de 2015.